O primeiro semestre de 2020 foi marcado pela chegada da pandemia e a consequente crise econômica. No mercado imobiliário residencial, seria possível imaginar que os preços cairiam, já que a crise impediu visitas, dificultou vendas e afetou a renda das famílias, mas na prática aconteceu o contrário: o preço médio dos imóveis subiu 1,11% nos primeiros seis meses do ano, segundo o índice FipeZap, que acompanha os preços de imóveis residenciais anunciados para venda em 50 cidades.
A alta deve ficar acima da inflação esperada para o primeiro semestre, de 0,08% – expectativa para o IPCA, segundo o Boletim Focus do Banco Central. Se a perspectiva se confirmar, os imóveis vão registrar alta real, acima da inflação, de 1,03%.
“Houve pânico generalizado em março, mas não se viu impacto nos preços porque o mercado imobiliário é mais inercial. De um lado, há um choque com aumento do desemprego e queda na confiança do consumidor. Mas, ao mesmo tempo, existe a percepção de que o momento é transitório. Assim, nenhum vendedor quer cortar 20% ou 30% do preço, sendo que a expectativa é de que as coisas caminhem para a normalidade”, diz Eduardo Zylberstajn, coordenador de pesquisas da Fipe.
Ele explica ainda que o cenário de juros mais baixos, com a taxa Selic a 2,25% ao ano (menor patamar da série histórica), é uma novidade nessa crise e uma sustentação importante para o setor. “O acesso ao crédito imobiliário é incentivado com juros mais baixos, o que é diferente do que vimos em 2015, por exemplo”, diz.
Zylberstajn acrescenta que também foi observada uma queda na liquidez na primeira metade do ano. “Não houve queda nos valores, mas quem quer efetuar uma transação de venda de imóvel encontra dificuldades, seja pessoa física, seja a incorporadora. Estamos em tempos de pandemia”, diz.
Segundo o FipeZap, a maior parte das capitais monitoradas apresentou avanço no preço médio de venda de imóveis residenciais no semestre, com destaque para Florianópolis, Curitiba e Campo Grande. E apenas três cidades tiveram queda nominal de preço: Recife, Fortaleza e João Pessoa.B
Para Zylberstajn, o resultado já era esperado e o cenário pode melhorar se a trajetória de recuperação se comprovar e se o Brasil tiver uma diminuição de novos casos de coronavírus e mortes causadas pela doença. “Esses dois fatores, somados ao período de juros baixos, reúnem os ingredientes necessários para a sustentação dessa dinâmica mais otimista”, afirma.
Destaques de junho
Em junho, também foi observada uma alta nominal (sem considerar a inflação) de preços, embora mais tímida: 0,18%, ante avanço de 0,23% em maio. A variação mensal do índice deve ficar abaixo do IPCA esperado para o mês (+0,24%).
Dentre as 16 capitais monitoradas pelo Índice FipeZap, as que apresentaram maior valorização no último mês foram: Brasília (+0,63%), Manaus (+0,61%) e Maceió (+0,59%).
Recife registrou novamente o maior recuo no preço médio entre as capitais monitoradas (-1,38%), seguido por Rio de Janeiro (-0,08%) e Vitória (-0,06%).
Já São Paulo, a cidade com maior representatividade na composição do Índice FipeZap, encerrou junho com alta de 0,30% no preço médio de venda residencial.
De forma geral, o preço médio do metro quadrado dos imóveis anunciados nas 50 cidades monitoradas pelo índice ficou em R$ 7.294 em junho. Rio de Janeiro se manteve como a cidade com o metro quadrado mais caro, seguida por São Paulo e Brasília. E os menores valores foram registrados em Betim (MG), São José do Pinhais (PR) e Pelotas (RS).
Considerando as capitais, Campo Grande possui o menor valor (R$ 4.256/m²), seguida por Goiânia (R$ 4.309/m²) e João Pessoa (R$ 4.313/m²).
Confira as cinco cidades com os maiores preços de venda residencial em junho:
Fonte: Infomoney
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