NA CRISE, INOVAÇÃO É A SAÍDA PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL

Em cenário de economia caminhando a passos lentos, a construção civil, mesmo com obras de infraestrutura em andamento em todo o País para atender ao Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), e com déficit habitacional de 6,067 milhões de moradias, também foi afetada. As micro, pequenas e médias empresas não têm o mesmo fôlego das grandes para enfrentar o momento de dificuldades e, por isso, a saída é abandonar a zona de conforto e se movimentar para onde está a demanda. Segundo a mais recente sondagem nacional realizada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de São Paulo (SindusCon-SP) em parceria com a FGV Projetos, em novembro, o empresário brasileiro chegou ao fim de 2014 com percepção bastante negativa de seu desempenho. O indicador alcançou resultado 19% inferior ao observado no mesmo mês em 2013, quando ficou em 40,1, ou seja, abaixo de 50 (o máximo é 100), pontuação considerada como não favorável. Quanto às perspectivas para este ano, o pessimismo se dá em relação à maior restrição na concessão do crédito imobiliário, embora o índice de calotes nesse financiamento seja baixo, e aos juros maiores, devido à escalada da Selic, hoje em 12,75% ao ano. Esse cenário, inclusive, favorece a fuga de investidores da poupança para investimentos mais rentáveis, indexados à taxa básica de juros. No entanto, existe a percepção de que os lançamentos para média e baixa renda devem se manter proporcionalmente mais elevados, como ocorreu em 2014. Na avaliação do diretor do Departamento de Micro, Pequena e Média Indústria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Marco Antonio dos Reis, a saída é buscar a iniciativa privada, principalmente devido à turbulência na Petrobras e aos cortes de recursos para obras do governo. "As empresas menores devem buscar novos mercados. Procurar institutos de pesquisas e universidades para desenvolver nova linha de produção, participar de feiras do setor, mesmo que como espectador, para entrar em contato com a inovação e enxergar novo horizonte. O pequeno empresário deve ir para o lado da sustentabilidade, de construções com menor impacto ambiental, de energia fotovoltaica, eólica; explorar algo da falta de energia elétrica", sugere. "O momento é propício também para procurar o Senai ou o Sebrae e capacitar a equipe." Ele aponta, ainda, que há muito investimento estrangeiro no País, e que a Investe SP pode ajudar a identificar parcerias desse tipo. Em sua maioria, as micro, pequenas e médias companhias da construção civil dependem de obras públicas, assinala o presidente da Associação de Pequenas e Médias Empresas de Construção Civil do Estado de São Paulo (Apemec), Luiz Alberto de Araújo Costa. "Cerca de 90% delas se encaixam neste perfil, pelo fato de não disponibilizarem capital para fazer investimento ou incorporação de empreendimento imobiliário. Geralmente realizam construção, reformas ou manutenção de escolas, creches ou postos de saúde. Em obras grandes de infraestrutura só costumam entrar como subcontratadas. Mas o fato é que o governo sofre com a falta de dinheiro, e suas iniciativas estão caminhando a passos de tartaruga", afirma. "Por isso é preciso partir para obras particulares, como reformas de imóveis, de fábricas e comércios." Em 2014, houve crescimento de 6,5% no faturamento e no investimento, e alta de 11% na geração de emprego. Para 2015, porém, a projeção é de queda de 30% na receita e queda de 6% nos postos de trabalho caso não haja essa mudança nos rumos. Segundo Costa, as pequenas costumam faturar em média R$ 10 milhões e, as médias, R$ 30 milhões. E, em relação à geração de empregos, a menor costuma ter cerca de 40 funcionários diretos na obra e, a média, 200. "A construção é o único setor que dá emprego a mão de obra desqualificada para trabalhar como servente de pedreiro." (Fonte: Brasil Econômico/Especial – Micro, Pequenas e Médio Empresas/2ª Edição: As Oportunidades na Construção Civil)  

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