Promover o colaborador mais velho ou o mais competente? Pagar salário fixo ou agregar uma gratificação por meta? Pesquisa mostra as organizações que praticam a meritocracia tem melhores resultados. Especialista explica que o modelo de gestão pode ser aplicado em pequenas empresas
Em sua mais completa pesquisa sobre remuneração de executivos no Brasil, realizada em 149 empresas, a Fundação Getulio Vargas (FGV) concluiu que as organizações que investem em modelos de ganhos por cumprimento de meta conseguiram gerar maior valor e lucratividade mesmo em período de crise. O estudo compreende o período de 2010 a 2016 e foram analisados os balanços financeiros publicados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O estudo aponta que, no período, as empresas que mais tiveram lucro foram as que melhor dividiram seus ganhos com os colaboradores. As que cresceram na ordem média de 43%, a remuneração de seus executivos aumentou 26,6%; enquanto que as corporações que tiveram perda de valor – na ordem de 25% – a remuneração de seus executivos ficou em 18,9%. O conceito de gestão impulsionado pelo mérito já é amplamente adotado em empresas da Europa e Estados Unidos, e ganha espaço no por aqui com grandes corporações brasileiras como a Ambev, Natura, Magazine Luiza, HP, Johnson & Johnson e Itaú e outras.
Para o especialista em governança corporativa, Marcelo Camorim, diretor da Fox Partners, embora a pesquisa tenha sido realizada em empresas que faturam mais de R$ 1 bilhão, a meritocracia e os ganhos variáveis podem ser implantados nos pequenos negócios também, por estimulam a relação de ganha-ganha, engajamento com os resultados e parceria.
“Esse é o sistema mais justo e adequado para corporações, que passam a dar mérito a quem merece mérito. A meritocracia se torna uma aliada dos melhores gestores e traduz mérito em resultados palpáveis e atingíveis”, explica o consultor.
Criada nos anos 50 pelo sociólogo inglês, Michael Young, o conceito de meritocracia adotado atualmente consiste num como modelo de crescimento profissional dentro das empresas baseado nos méritos pessoais, na avaliação de desempenho, esforço e dedicação de cada indivíduo. Um dos grandes benefícios da aplicação da meritocracia nas empresas, segundo seus defensores, é o de manter colaboradores motivados a buscarem o seu melhor e a prestarem um serviço de qualidade.
Uma outra pesquisa, realizada pela empresa Robert Half (Consultoria de Recrutamento e Líder Mundial em Recrutamento Especializado), em 2014, com 100 CFOs (Chief Financial Officer), a meritocracia é muito importante para 60% das organizações no Brasil, e “um pouco” importante para 38%, enquanto apenas 2% não acreditam na ação.
Marcelo Camorim aponta que não é difícil implantar a meritocracia. Confira o passo a passo:
- Orientação correta – invista em uma consultoria especializada em implantação de meritocracia. É esta quem dará o direcionamento, treinamento e fazer toda essa mudança cultural.
- Indicadores – Crie indicadores operacionais: de produção, de metas de produtividade; metas de vendas; de clientes visitados na semana. O cumprimento deles dará direito ao recebimento de metas.
- Treinamento – Treinar a equipe envolvida e demonstrar qual os objetivos de se implantar metas para que ela veja que também irá ganhar com essas metas.
- Gestão à vista – Demonstrar mensalmente as metas para que não dê a impressão de que alguém está enganando alguém. As metas devem ser explicadas, expostas em algum painel demonstrando que a meta foi alcançada ou não.
- Justiça – Premiar quem merece ser premiado. O empregado que não se engaja na metodologia pode ser substituído porque ele não considera as metas e pode atrapalhar o grupo. Aí a empresa tem uma cultura de justiça.
Fonte: Agência CBIC
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