EM DEZ ANOS, PARTICIPAÇÃO DE OBRAS RESIDENCIAIS SUPERA AS DE INFRAESTRUTURA NO BRASIL, APONTA IBGE

Um levantamento divulgado quarta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o setor de construção civil no Brasil sofreu alteração estrutural importante. Pela primeira vez, as obras residenciais superaram as de infraestrutura no país, se tornando o principal produto do setor.

Os dados são de 2018 e mostram que o conjunto de obras residenciais passou a ter a maior participação no setor, respondendo por mais de ¼ do valor de incorporações, obras e/ou serviços da construção no país. Em 2009, ele ocupava o terceiro lugar no ranking, quando as obras de infraestrutura lideravam o setor.

"Contribui para esse resultado a concessão de crédito habitacional em condições mais facilitadas, expansão dos programas habitacionais e aumento do poder de compra das famílias nesse período de 10 anos", destacou o IBGE.

Em termos de receita, segundo o IBGE, em 2009 as obras de infraestrutura (construção de rodovias, ferrovias e obras urbanas) representavam 46,5% do setor. Essa participação caiu para 31,3% em 2018. Em compensação, a construção de edifícios aumentou sua participação de 39,5% em 2019 para 45,5% do valor de incorporações, obras e/ou serviços da construção em 2018.

O segmento de Serviços especializados para construção ficou na terceira colocação, mas foi o que mais ganhou participação ao longo da década, passando de 14% para 23,2% no período.

De acordo com a gerente da pesquisa, Synthia Santana, a construção de edifícios "costuma crescer em períodos de recuperação econômica, atrelado à retomada do crescimento no país". Ela explicou que o segmento representa as pequenas instalações, reformas, preparação de terreno e acabamentos.

Perda de participação do setor público

A pesquisa também mostrou que o setor público perdeu representatividade na construção civil. Em 2009, era responsável por 43,2% da indústria da construção, percentual que caiu para 30,7% em 2018.

Houve queda nos três segmentos da atividade: construção de edifícios caiu 6,7 pontos percentuais, indo para 21,9%. Já serviços especializados para construção foi de 20,4% para 19,3%. As obras de infraestrutura, a maior fatia, sofreram a maior queda, passando de 61,5% para 50,4%.

Para a gerente da pesquisa, Synthia Santana, esses números são explicados pelo impacto da paralisação de grandes obras públicas, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "O país passou por algumas instabilidades político-institucionais, e algumas quedas estão atreladas a esses problemas", destacou.

Queda de 10% na ocupação

Ainda segundo o levantamento do IBGE, entre 2009 e 2018 a construção civil perdeu cerca de 10% do pessoal ocupado. O número de trabalhadores no setor caiu de aproximadamente 2,1 milhões para 1,9 milhão no período - cerca de 183 mil postos de trabalho a menos.

Segundo o IBGE, os números "sugerem que o contexto de instabilidade econômica e institucional iniciado em 2015 não foi plenamente superado pela indústria da construção, que ainda sofreu as consequências dessa conjuntura negativa, o que levou ao adiamento de decisões de investimento e ao cancelamento de grandes projetos".

Se comparado com 2013, quando ocorreu o auge da ocupação no setor (2,968 milhões de trabalhadores), a perda de postos de trabalho chegou a 1,1 milhão, o que representa uma queda de 37%.

Nesta base de comparação, segundo o IBGE, a queda foi mais intensa nos segmentos de construção de edifícios (-43,0% de ocupados) e no de obras de infraestrutura (também -43,0% de queda). Já nos Serviços Especializados para Construção, a perda foi de 20,1%.

Quase 7 mil empresas fechadas em quatro anos

O levantamento mostrou também que aumentou quase dobrou o número de empresas ativas no setor de construção em dez anos - eram 63,9 mil em 2009 e chegou a 124,5 mil em 2018.

Porém, entre 2015 e 2018 foram fechadas cerca de 6,8 mil empresas da construção no país, o que representa uma perda de 5,2% no período.

Já entre 2017 e 2018, a indústria da construção perdeu 1.736 empresas, ou -1,37%.

Fonte: Abecip

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