O monitor do PIB da FGV IBRE estimou que nos 12 meses encerrados em fevereiro, a economia cresceu 1%, o que significa que manteve praticamente o ritmo registrado ao final de 2019 (1,1%). Por sua vez, a construção teve ligeira aceleração ao passar de 1,6% no final de 2019 para 2,1% no mesmo período.
Com apenas dois meses, ainda não seria possível estabelecer se a projeção mais otimista para a construção (variação de 3%), seria confirmada, mas a direção da retomada ou o segundo ano de crescimento ganhava força. Por outro lado, as baixas taxas mostravam também as bases relativamente frágeis do crescimento previsto.
Em abril, mesmo sem todos os números consolidados do primeiro trimestre, já se sabe que a epidemia mundial da Covid-19 alterou todas as projeções realizadas anteriormente, tanto para o cenário externo quanto doméstico. A despeito da falta de parâmetros e mesmo referências históricas que dificultam novas estimativas, todas as análises mostram um profundo impacto sobre a demanda e oferta da economia, invertendo assim todos os sinais que antes indicavam crescimento.
O último Boletim Focus de 24 de abril já apontava retração de 3,3% para a economia brasileira em 2020. O Boletim Macro da FGV indicou retração similar ( -3,4%).
As projeções da FGV tiveram como referência os números captados nas sondagens empresariais e do consumidor. O cenário projetado considerou uma queda de 6,7% das horas trabalhadas no agregado da economia, o que levaria a taxa de desemprego a encerrar o ano próxima de 18%. Para a construção, a retração estimada para o PIB alcançou 7%.
De fato, a percepção empresarial captada na Sondagem de abril da FGV IBRE apontou uma deterioração sem precedentes na série histórica em todos os quesitos pesquisados e para todos os segmentos da construção. O Indicador de Situação Atual (ISA) registrou queda de 15 pontos – a maior queda mensal, o que trouxe o indicador de volta para o patamar de maio de 2018.
O pior resultado foi observado em relação às expectativas: o indicador (IE) caiu 36 pontos na comparação com março, indicando um pessimismo com a demanda dos próximos meses, que não foi registrada em nenhum momento da crise de 2014-2018. Esse pessimismo atingiu também a intenção de contratar que vinha se recuperando: o indicador de mão de obra prevista caiu significativamente. Até março havia um percentual maior de empresas assinalando que iria contratar do que demitir. Em abril, o quadro se inverteu, com 51% das empresas apontando demissão nos próximos meses.
Esses números representam o fim precoce da retomada setorial? Eles mostram a dimensão do impacto nos negócios, afetando também as perspectivas antes otimistas com a recuperação.
É importante ressaltar que a deterioração dos indicadores expressa também o aumento vertiginoso das incertezas, que chegaram a um ponto máximo em abril. A indefinição quanto à extensão da crise, significa também incerteza em relação aos seus impactos totais.
O setor deve ser atingido em seus negócios em andamento, com o crescimento da inadimplência ou falta de insumos e mão de obra, com o aumento das dificuldades de acesso ao crédito. Por sua vez, as incertezas em relação à duração da crise devem levar ao adiamento ou até mesmo cancelamento de novos projetos, provocando efeitos que irão além do curto prazo e afetando todos os segmentos da construção.
Mas por hora, é possível dizer apenas que não haverá mais crescimento em 2020.
Fonte: Sinduscon-SP
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