PESQUISA APONTA OS IMPACTOS DO CORONAVÍRUS SOBRE O MERCADO DE IMÓVEIS

Difícil encontrar um setor que não esteja sendo impactado pela pandemia da Covid-19, e no mercado imobiliário não é diferente. Uma pesquisa inédita divulgada no dia 2 deste mês aponta que 45% das pessoas que tinham intenção de comprar uma casa ou apartamento no período que antecedeu a chegada do coronavírus ao Brasil desistiram momentaneamente da compra, diante das incertezas do período. A maioria delas, 55%, no entanto, mantém o desejo de adquirir o imóvel próprio, o que traz um cenário de otimismo (guardado as características do momento) e de oportunidade para as empresas da construção civil.

“Na nossa leitura de analistas, é uma queda boa, por assim dizer, porque ela não é trágica. Seria estranho se 20% das pessoas falassem que desistiram da compra em um momento em que já [se vivia o isolamento social em várias cidades do Brasil] e em que elas já estavam totalmente conscientes sobre o problema, e trágico se tivesse caído para 80%”, avalia Fábio Tadeu Araújo. "Esta queda de 45% pode ser entendida como uma leitura de medo, não de pânico”, completa Guilherme Werner, ambos sócios da Brain Inteligência Corporativa, responsável pela pesquisa.

O levantamento foi realizado entre os dias 20 e 27 de março e ouviu 600 pessoas dentro de um grupo de cerca de 7 mil que haviam sinalizado o desejo de adquirir um imóvel no período pré-coronavírus, entre outubro de 2019 e fevereiro de 2020.

Quando comprar? 

O planejamento para a compra é outro dado encarado como positivo pelos analistas, uma vez que metade dos entrevistados disseram manter o prazo no qual previam efetuar a aquisição do imóvel. 33% deles preveem fazer isso nos próximos 12 meses, enquanto 17% planejam ter a casa própria em 24 meses.

A outra metade, por sua vez, planeja postergar o fechamento do negócio, mas boa parte dela ainda pretende fazer isso em um prazo de até 24 meses. “Os incorporadores, imobiliárias ainda têm condições de fazer um bom trabalho online. Temos como aproveitar esse momento para chegar ao consumidor. Hoje, no mínimo 22% dos brasileiros ainda pensa em comprar imóvel, e essas pessoas estão esperando ser contatadas. [É preciso que as empresas] façam uma excepcional gestão do online, dentro do que o contexto permite”, sugere Araújo.

O que comprar? 

Na outra ponta da cadeia, a disponibilidade de oferta segue o movimento de quem planeja comprar um imóvel. Isso porque a maior parte dos incorporadores pretende manter o ritmo de lançamentos (13%) ou postergá-lo dentro de um período de 60 (25%) ou 120 dias (18%). Outros 35%, por sua vez, pretendem adiá-los sem sinalizar datas para retomá-los.

 “A despeito do aparente pânico que o empresariado viveu nos últimos 15 dias, que, acredito, vai começar a diminuir com as medidas econômicas chegando efetivamente a serem concretizadas, somente 2% dos incorporadores já decidiram cancelar os lançamentos. Sendo assim, nós ainda acreditamos que neste ano teremos certa volta à normalidade, mesmo que não como a imaginada no início de 2020”, defende Araújo. Antes da pandemia de Covid-19, cerca de 600 lançamentos eram previstos para este ano no país.

Outro fato que justifica este cenário, na opinião do analista, é o de que a fase mais aguda da pandemia no Brasil, em se conseguindo conter o avanço do contágio, deve durar cerca de 45 dias, o que permitiria ao setor de incorporação retornar à normalidade em cerca de dois ou três meses, como acrescentou em live transmitida pela AG7 Realty.

A tarefa que fica para as empresas neste momento, ainda segundo Araújo, é a de fazer a lição de casa, ou seja, aproveitar a oportunidade para se aprofundar, estudar projetos, entender o que o consumidor realmente quer ou precisa. "A maneira como vamos viver [e morar] vai mudar. Só ainda não sabemos para aonde", completou."

Fonte: Gazeta do Povo

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