Adaptação tem sido o atual mote das empresas do setor da construção civil. Há pouco mais de dois anos, elas mal conseguiam atender à demanda de lançamentos imobiliários, e boa parte não era capaz de se livrar dos rótulos de atraso e ineficiência. Agora, garantem, a situação está mudando para melhor, reflexo de uma série de fatores, entre os quais se destacam regras mais rígidas sobre a atuação das companhias. Todos os projetos residenciais protocolados para aprovação nos órgãos públicos desde 19 de julho do ano passado tiveram de passar a observar as orientações da Norma de Desempenho de Edificações Habitacionais, NBR 15.575, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Os efeitos dessas regras para os consumidores só devem ser sentidos com força em aproximadamente dois anos, segundo especialistas, quando se encerrará o ciclo de obras iniciado em 2013. Por enquanto, as mudanças ocorrem dentro das organizações. Reunindo os principais parâmetros técnicos existentes, a norma passou a exigir que edificações residenciais apresentassem, na operação, eficácia mínima de segurança, resistência e conforto, incluindo neste último quesito aspectos como acústica e temperatura. Na prática, a regra obriga as empresas a garantirem que mesmo um prédio na região mais barulhenta da cidade, por exemplo, seja tão bom para os seus moradores quanto outro é em outra área bem mais tranquila. Para a Tecnisa, vencedora do Top Imobiliário deste ano na categoria Construtoras, a NBR 15.575 não teve efeitos radicais - mas nem por isso desprezíveis. Segundo o diretor executivo técnico da companhia, Fabio Villas Bôas, também coordenador da comissão de estudos responsável pela elaboração na norma, algumas empresas se anteciparam à obrigatoriedade durante o processo de discussão das regras, iniciado em 2001. "Já estamos praticando ações há alguns anos. Temos algo em torno de 8 mil unidades com sistemas acústicos para pisos e em tubulações. E 80% dos prédios certificados com o selo Procel Edifica são nossos", diz. Mesmo assim, Villas Bôas reconhece adaptações. Segundo ele, se é, por exemplo, necessária a colocação de uma janela maior em um apartamento, ela certamente será mais exigida do ponto de vista acústico. "Mas, se for grande, e não colocarmos brises na fachada, podemos ter problemas do ponto de vista térmico. As soluções precisam ser integradas", explica. Dona da 9ª posição do Top Imobiliário, a MRV Engenharia preocupa-se com os custos dos seus empreendimentos, destinados ao segmento do mercado enquadrado no Minha Casa, Minha Vida - o teto para que imóveis possam ser beneficiados pelo programa federal é de R$ 170 mil em São Paulo. "Uma laje que, antes, passava com 10 cm de concreto, agora vai passar com 12 cm. Isso causa impacto", diz o gestor executivo de obras da MRV em São Paulo, José Roberto Pereira de Lima. Ele diz que o peso da NBR 15.575 é maior no segmento econômico - onde há maior déficit habitacional - porque as empresas dessa fatia do mercado têm margens mais apertadas para agir. "Estamos estudando alternativas, mas nossa maior dificuldade é encontrar fornecedores que atendam as especificações", diz Lima. (Fonte: O Estado de S. Paulo)
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