CONSTRUÇÃO FECHA TRIMESTRE COM ALTA DE 30% EM RELAÇÃO AO PRÉ-COVID

O indicador Juntos Somos Mais, que apura as vendas de indústrias para o varejo da construção, indicou que no terceiro trimestre de 2020, o setor teve uma performance aproximadamente 30% melhor do que no período pré-Covid. A parcial de outubro indica continuidade no comparativo, com crescimento também de 30%.

Com um ecossistema que reúne mais de 80 mil varejistas, 500 mil profissionais da construção civil em todo Brasil e mais de 20 empresas de serviços e indústrias ligadas à construção civil, a Juntos Somos Mais vem acompanhando o desempenho do setor ao longo dos meses.

No início da pandemia, em abril, a expectativa em relação ao desempenho de vendas para 2020 era muito ruim. Pesquisa realizada no dia 17 daquele mês com representantes das indústrias indicou que apenas 11% dos respondentes acreditavam que o ano de 2020 teria um faturamento superior ao ano de 2019, outros 11% que 2020 seria similar à 2019, enquanto 22% que a queda seria de até 10% e 56% entendiam que a queda seria entre 10% e 30%. A pesquisa mais recente, realizada em outubro de 2020, aponta que 89% acreditam que este ano será de crescimento no faturamento versus o ano anterior e 11% que o faturamento de 2020 será similar ao ano anterior.

A alta na demanda e a mudança de perspectivas implicaram em desafios de produção para a indústria. Em outubro de 2020, 66% das indústrias indicaram ter aumentado a produção, com 44% operando no limite produtivo. Além de restrições de capacidade produtiva, também há dificuldades em se conseguir matérias primas como embalagens, cobre e outras. As lojas de material de construção têm então indicado falta de produtos e o preço tem subido como atesta o CUB Médio Brasil, indicador de custos da construção, que registrou em agosto de 2020 um aumento de 1,24% em relação a julho do mesmo ano, configurando o maior aumento percentual de um mês em relação ao anterior desde junho de 2016.

Há vários fatores contribuindo para o desempenho do setor. O primeiro deles está ligado a uma mudança de comportamento do consumidor que, estando mais tempo em casa, tem valorizado mais a sua casa e classificado "pequenas reformas" como um "item importante, não supérfluo". A taxa de juros nos menores patamares da história conjugada com um déficit habitacional que cresceu de 2012 a 2017 (último dado disponível) também têm motivado a demanda por obras e reformas.

Entretanto, a partir de análise de dados internos e também indicadores como a Pesquisa Mensal de Comércio e a Pesquisa Mensal Industrial do IBGE, dados do SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento), ABECIP (Entidades de Crédito Imobiliário) e ABRAINC (Incorporadoras Imobiliárias), a área de Inteligência da Juntos Somos Mais concluiu que o auxílio emergencial foi responsável por 75% do crescimento. "O setor deve continuar se beneficiando do aporte gerado pelo auxílio emergencial. Estimamos que por volta de 17,3% do faturamento do setor entre maio e agosto de 2020 tenha vindo desta fonte", comenta Ivan Ormenesse, responsável pela área na Juntos Somos Mais.

Consequentemente, o fim do auxílio emergencial traz incertezas sobre cenários de crescimento no próximo ano. Ainda assim, 89% das indústrias pesquisadas esperam aumento de faturamento em 2021, sendo que 33% esperam crescimento acima de 10%. A falta de material, entretanto, não deve se repetir na mesma escala atual, já que a expectativa das indústrias pesquisadas é que 78% conseguirão atender a demanda.

"A construção civil é uma indústria que depende das expectativas futuras para projetar seu crescimento. Nos últimos anos o setor sofreu com queda de PIB e aos poucos aprendeu a viver na crise", explica Antonio Serrano, CEO da Juntos Somos Mais, que ainda destaca: "O desempenho nos últimos meses foi surpreendente, porém o ano foi atípico e devemos estar preparados para diversos cenários em 2021. O pequeno varejista da construção fez rapidamente sua lição de casa, se adaptando a vendas remotas, mas precisa avançar de forma mais estruturante em gestão e digitalização do seu comércio".

Fonte: Monitor Mercantil

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