SP: CUSTO ALTO DO ALUGUEL APERTA VIDA DAS EMPRESAS

Há vários anos, o bairro da Vila Nova Conceição lidera o ranking dos imóveis mais valorizados da cidade de São Paulo. O metro quadrado de um apartamento usado de três dormitórios custa, em média, R$ 16.000, segundo pesquisa do Secovi-SP. Mas pode chegar a R$ 35.000. Com valores tão altos, é quase impossível comprar uma unidade por menos de um milhão de reais. Os vizinhos Itaim Bibi e Vila Olímpia oferecem opções mais em conta (R$ 11.400 o metro quadrado), mas, ainda assim, o valor supera os praticados em tradicionais redutos da classe A, como Higienópolis e Jardins. A proximidade do Parque do Ibirapuera, a oferta de restaurantes renomados e o grande número de empresas de segurança privada ajudam a explicar a cobiça por esses três bairros, na Zona Sul de São Paulo. Além disso, com a inauguração de dezenas de arranha-céus comerciais na região, nos últimos anos, aumentou ainda mais a procura de executivos e empresários por moradia perto do trabalho. Com tantas pessoas endinheiradas circulando pelas vias e calçadas, abrir uma loja de rua deveria ser um ótimo negócio. Mas com o aprofundamento da recessão econômica, criou-se um enorme problema: como sustentar um aluguel comercial tão caro se os clientes minguaram? Nos últimos meses, diversas marcas famosas simplesmente fecharam as portas na região, como retratam as fotos acima. Os imóveis estão com faixas de “aluga-se” ou “vende-se” e alguns ainda preservam o letreiro com a logomarca da empresa. Em apenas três quarteirões da Rua Afonso Braz, que reúne diversos pontos comerciais na Vila Nova Conceição, houve uma debandada de unidades da Starbucks, do Subway, da Devassa, da Vó, Quero Bolo! e do Amor aos Pedaços. “Com o nítido declínio do comércio da região, optamos por fechar temporariamente este endereço, passando a atender nossos clientes na unidade mais próxima, em Moema”, diz Willians Navarro, sócio da rede Vó, Quero Bolo!. “Estamos em busca de um novo local na região e esperamos conseguir um aluguel mais adequado à nossa operação.” A explicação de Navarro resume bem o que está acontecendo não apenas nesta área nobre de São Paulo, mas nas principais metrópoles do País. “Na hora do aperto, o consumidor faz um downsizing no volume ou no tipo de produto”, diz José Carmo Vieira de Oliveira, consultor do Sebrae-SP. “Troca-se, por exemplo, o café incrementado de R$ 10,00 por um expresso de R$ 5,00.” Coincidência ou não, a rede de cafeterias Starbucks, que tem produtos destinados ao bolso mais felpudo dos executivos, fechou sua loja na Vila Nova Conceição, em setembro do ano passado. Em nota, a companhia americana informa que a unidade foi encerrada “como parte de um alinhamento de negócios”. Questionada sobre se o valor do aluguel tinha inviabilizado a operação, a Starbucks ressalta que, “a exemplo de todas as empresas brasileiras na economia atual, a companhia está atenta às condições do mercado e continua a avaliar opções de imóveis que atendam tanto às metas de negócios quanto à demanda do cliente”.

Publicações relacionadas

Tags populares

Quer enviar um e-mail pra gente? Acesse nossa página de contato.

Filtrar