SONHO DA CASA PRÓPRIA GANHA ‘VAQUINHA’ VIRTUAL COMO ALIADA

O sonho da casa própria ganhou o financiamento colaborativo como um aliado para sair do papel. Agora, é possível que amigos e parentes comprem cotas referentes aos cômodos e ajudem na compra do imóvel – ou ao menos no valor correspondente à entrada do empreendimento. Além disso, o mercado atualizou o chá de panelas com o modelo voltado para a construção, em que os convidados substituem presentes como móveis e utensílios domésticos por itens que compõem a obra pré-moradia, como tijolos, cimento, esquadrias e argamassa.

Pensando em transformar as cotas de presentes de casamento na parcela de entrada do apartamento do casal, a plataforma Mude.me reuniu 10 construtoras e incorporadoras da capital paulista em um site de financiamento colaborativo. “Ela tem tudo o que um site de um casamento tem, e o casal escolhe onde quer morar, já que divulgamos opções de diversas construtoras”, explica o CEO da plataforma, Guilherme Sawaya. “Caso os noivos não encontrem o apartamento ideal, eles ainda podem criar um apartamento fictício, arrecadar uma quantia e sacar o dinheiro ao fim da vaquinha.”

Além de Cyrela, Diálogo Engenharia, Living, Nortis, Setin, Trisul, Vibra Residencial, Vitacon, Vivaz e You, Inc., outras sete empresas estão negociando a entrada no site. A plataforma dispensa taxa para o anúncio dos imóveis (por parte das incorporadoras) e também para o pedido de vaquinha (por parte das pessoas físicas).

“A gente só desconta a taxa do cartão de crédito na compra do imóvel, que vai para a operadora de cartão. E, caso o cliente resolva sacar o dinheiro em vez de comprar o apartamento ofertado por nós, ele paga 7% sobre o montante arrecadado”, diz Sawaya. Já das construtoras é cobrada uma comissão após o fechamento da venda.

Para quem vai morar, a principal vantagem está em cativar os amigos e familiares na vaquinha online com cara de site de casamento, que reúne data do evento, história do casal e “save the date”, segundo conta Camila Mendes, de 27 anos, administradora de empresas que está cadastrada no site.

“É uma forma inteligente de pedir dinheiro sem ser grosseiro. Você envolve as pessoas no seu sonho, apresenta sua história e quem puder ajuda com uma quantia. Gera um elo, um fortalecimento de vínculos entre os amigos. É uma forma de fazer as pessoas participarem desse momento”, explica.

Camila pretende se casar em 2020 e, até lá, quer arrecadar pelo menos R$ 15 mil para morar com o internacionalista Rodrigo de Almeida, de 27 anos. “A casa própria irá gerar muitos custos com a entrada, taxas de serviço. Então, esse dinheiro vai ajudar bastante nessa etapa inicial”, afirma Camila.

Desde que foi lançado, há menos de um mês, o Mude.me já reuniu o cadastro de 1.200 pessoas, com 160 opções de imóveis. A opção do apartamento genérico faz com que pessoas de todo o Brasil possam utilizar a plataforma.

Em sites de financiamento colaborativo mais antigos no mercado, pedidos de dinheiro para projetos artísticos, culturais ou solidários são maioria. Ainda assim, o sonho da casa própria está presente em plataformas como Vakinha. Ali, a arrecadação para a compra de imóvel corresponde a 5% dos cadastros.

Um dos casos mais recentes foi a campanha para a compra de uma casa para Varlei Rocha Alves, o Capoeira, guardador de carros que ficou conhecido por ajudar uma senhora a atravessar uma rua inundada em Copacabana, no Rio. Na plataforma, pedia-se R$ 40 mil, mas 3.057 pessoas doaram um total de R$ 169.871,52.

Material de construção

A colaboração de familiares em prol da casa própria é uma proposta antiga na loja C&C, que oferece a opção de lista de reforma – ao estilo do chá de panelas – há pelo menos 10 anos. Agora, contudo, quem vai presentear pode fazer isso de forma online.

Os itens vão desde saco de cimento e argamassa a pias e privadas para os banheiros, esquadrias de alumínio para janelas, portas e maçanetas.

Para o cliente, a vantagem é que, além de ter um serviço de personalização de itens que precisa para reformar (ou montar o imóvel comprado na planta), a empresa doa uma porcentagem sobre o valor total dos pedidos, como uma comissão para quem escolheu deixar a lista na loja. Ao fim da seleção, os materiais são entregues diretamente no endereço dos presenteados.

Fonte: Estadão

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