Com o início da pandemia do novo coronavírus no Brasil e as medidas de isolamento social adotadas, diversos setores comerciais foram impactados. Um deles é o mercado imobiliário. Com as empresas de portas fechadas e as pessoas em casa, as negociações estagnaram por um tempo. Segundo dados da Secretaria de Economia do DF, a arrecadação do setor no 2º bimestre de 2020 caiu cerca de 14,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
Porém, há perspectiva positiva à vista. Com as medidas da Caixa Econômica Federal para facilitar os investimentos e as taxas de juros baixas, o mercado ensaia uma recuperação. Em maio, os preços de apartamentos em Brasília ficaram na faixa de R$ 9.535/m², valor 0,4% menor do que no mês anterior. Já os valores médios de aluguéis caíram 1,4%, saindo de R$ 2.728/mês, em abril, para R$ 2.689/mês em maio. Os dados são do Relatório de Mercado da ImovelWeb. Representantes do setor estão otimistas e reinventaram maneiras para atenderem aos clientes. Eles acreditam em uma recuperação nos próximos meses.
De acordo com o presidente do Sindicato de Habitação do DF (Secovi/DF), Ovídio Maia, março e abril foram os meses mais impactados pela pandemia do novo coronavírus, mas o saldo acumulado até o momento ainda é positivo. “O isolamento social pegou todo mundo de surpresa, mas os dois primeiros meses do ano foram muito produtivos. Por isso, o reflexo da crise não foi maior”, diz. Ele considera que a pandemia acelerou um processo de renovação entre as empresas do ramo imobiliário, uma vez que a procura por imóveis na internet aumentou. “Alguns grupos estão investindo em drones e fotografias melhores para os sites. A negociação e a assinatura de contrato, entre outras coisas, passaram a ser digitais. Já era uma tendência, a pandemia apenas acelerou isso”, afirma.
Hugo Noli, 27 anos, administra uma empresa imobiliária em Brasília e afirma que, inicialmente, suspendeu as visitas aos imóveis, mas também percebeu um aumento nas buscas pela internet. “Nossos anúncios já eram realizados em portais e redes sociais. Como a maioria dos clientes está em casa, o acesso à internet se tornou maior”, explica. Ele acredita que o futuro ainda é incerto, mas há uma expectativa de estabilização do ramo. “O mercado imobiliário possui diversas variáveis que impactam positivamente ou negativamente o setor. A expectativa é que a demanda aumente, assim como o reaquecimento do mercado”, explica.
Ovídio acredita que o mercado terá uma boa recuperação nos próximos meses, pois é perceptível um aumento na procura por novos imóveis. “Como as famílias estão mais tempo em casa e se deslocando menos para o trabalho, houve uma maior procura por casas mais confortáveis e uma valorização das cidades satélites. Entendemos que o resultado é abaixo do que era esperado, mas, ainda assim, positivo”, garante. Ele ainda considera que o momento é favorável a quem quiser investir em um imóvel.
Momento para investir
O Indicador de Velocidade de Vendas (IVV) de maio mostra que o segmento residencial disparou. O índice de 9,1% é o maior registrado em seis anos para o período. Os dados indicam que o estoque de unidades residenciais vazias caiu de 2.673, em abril, para 2.423, em maio. Segundo o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), Adalberto Júnior, o alto índice está relacionado ao aumento da procura e diminuição nas ofertas. “Alguns lançamentos que estavam marcados para junho foram adiados devido à pandemia. Isso, somado ao aumento da procura por imóveis, fez o IVV ficar acima do esperado em maio”, explica.
Adalberto considera que o 2º bimestre do ano foi o período de adaptação do mercado à nova forma de consumir. “O cliente tinha uma maneira de comprar e, com o isolamento social, isso mudou, e tivemos que nos reinventar. As negociações e ofertas passaram a ser on-line e as visitas são feitas, geralmente, apenas a fim de confirmar o que foi visto pela internet” afirma. O impacto da crise, então, teria sido pontual e o mercado mostra sinais de recuperação. “Não acreditamos que o índice vá se manter tão alto, mas estamos otimistas”, revela. O vice-presidente do Sinduscon/DF ainda afirma que o momento é ideal para quem quiser financiar um novo imóvel e alerta que não continuará assim por muito tempo. “Como não temos previsão para os lançamentos, as ofertas vão diminuir e a procura tende a continuar forte. Logo, os preços tendem a subir. Quem estiver pensando em investir em um novo imóvel sugiro que faça isso o quanto antes”, conclui.
Fonte: Correio Braziliense
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