A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) ainda precisa crescer 39,9% para voltar ao ápice alcançado no segundo trimestre de 2013. Já a construção, um dos principais componentes dos investimentos, teria de avançar 46,7% para retornar ao nível máximo alcançado no primeiro trimestre de 2014.
A retomada de obras federais que estão paralisadas é o caminho mais rápido para tirar a economia brasileira da paralisia em que se encontra, defende o coordenador do Monitor do PIB no Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Claudio Considera.
O cálculo do Ibre/FGV, obtido com exclusividade pelo Broadcast, tem como base o resultado do primeiro trimestre de 2019, o último divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelas Contas Nacionais.
“Isso (o gasto público com obras) não bate no primário, não bate na regra de ouro, porque investimento não conta. Bate no teto de gastos. Fure o teto de gastos! Faça o que tem de fazer, porque há uma urgência de cuidar de 13 milhões de desempregados, quatro milhões de desalentados, mais quatro milhões de subempregados. No longo prazo tem de melhorar a produtividade... Com 25 milhões de pessoas desempregadas, estão preocupados com o fim do bônus demográfico?”, questionou Claudio Considera, do Ibre/FGV.
Segundo o pesquisador, a elevada capacidade ociosa em diversos segmentos da economia - como indústria, comércio e serviços - deve inibir um salto significativo nos investimentos em máquinas e equipamentos, restando a construção como via alternativa para fazer a atividade econômica voltar a girar. A indústria da construção operava com um hiato do produto de 10,3% no primeiro trimestre, além de ser importante empregadora, sendo responsável por cerca de 8,5% dos postos gerados na economia.
A construção responde por 52% da Formação Bruta de Capital Fixo. Máquinas e Equipamentos respondem por outros 35% (sendo 6% importados), e os outros ativos são 13% (como pesquisa e desenvolvimento e animais reprodutores).
Indústria, serviços e comércio respondem por menos de 10% dos investimentos em construção. Embora o mercado imobiliário dê os primeiros sinais de recuperação, o pesquisador lembra que a crise no mercado de trabalho, com alto nível de desemprego e informalidade, e elevado nível de endividamento das famílias impedem uma retomada mais contundente das vendas de unidades residenciais e, consequentemente, dos investimentos em edificações.
O Brasil tem 14.403 obras paralisadas ou inacabadas, financiadas com recursos federais, segundo levantamento feito pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em 2018 e levado a plenário em maio deste ano.
"Mais de um terço das obras que deveriam estar em andamento pelo País, cerca de 37%, não tiveram avanço ou apresentaram baixíssima execução nos últimos três meses analisados em cada caso. Juntas elas alcançam um investimento previsto de R$ 144 bilhões, dos quais R$ 10 bilhões já foram aplicados", apontou o TCU na síntese da auditoria operacional sobre obras paralisadas.
Para o TCU, as consequências da paralisação das obras vão muito além dos recursos desperdiçados e são “extremamente nocivas” para o País.
“Entre outros efeitos negativos, podem ser citados os serviços que deixam de ser prestados à população, os prejuízos ao crescimento econômico do País e os empregos que não são gerados. São mais de R$ 132 bilhões que deixaram de ser injetados na economia. Apenas no tocante aos recursos destinados às creches do Programa Proinfância, 75 mil vagas deixaram de ser criadas e oferecidas à população”, diagnosticou o TCU, na síntese da auditoria.
Potencial - O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) calcula que os investimentos em construção civil tenham crescido 0,6% no segundo trimestre de 2019 em relação ao primeiro trimestre do ano, ainda bastante aquém do necessário para que volte ao nível pré-crise.
O potencial para alavancar o setor fica condicionado e deve vir do segmento de infraestrutura, disse Leonardo Melo de Carvalho, técnico de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea.
“Exige um ambiente interessante para o investidor fazer aporte e redução significativa das incertezas. Se as concessões forem bem-sucedidas, elas têm no curto prazo um impacto sobre emprego e renda, e, no longo prazo, há melhora da produtividade. Para o crescimento de longo prazo é até mais importante, porque você consegue cessar algumas lacunas que têm tirado a produtividade não só da indústria como da economia como um todo”, avaliou Carvalho.
Para Considera, é consensual que o PIB só voltará a crescer a taxas mais robustas e sustentadas se a FBCF voltar a avançar de forma a reproduzir taxas de investimentos superiores a 20%. A taxa de investimento encerrou o primeiro trimestre de 2019 em 15,5%, informou o IBGE.
Fonte: Ademi-BA
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