QUEDA NA CONSTRUÇÃO IMPACTA O NEGÓCIO DO AÇO

As vendas da indústria brasileira de aço recuaram 12,9% no primeiro semestre deste ano, atingindo 9,7 milhões de toneladas, e o consumo aparente caiu 10,4%, chegando a 11,7 milhões de toneladas em 2015, segundo dados do Instituto Aço Brasil. Os números do setor acompanham o momento ruim que afeta vários setores da economia. De acordo com Benjamin Mário Baptista Filho, presidente do Conselho Diretor do Instituto do Aço, a retração nas vendas levou as siderúrgicas a demitir 11.188 funcionários nos últimos 12 meses, até junho, com a perspectiva de haver um corte de 3.955 postos de trabalho até o fim do ano. “A indústria siderúrgica nacional enfrenta a sua pior crise desde 2008”, afirma Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil. Segundo ele, o incremento na produção registrado no semestre se deve ao esforço do setor para manter seus funcionários e sua capacidade produtiva, que está sendo operada em 68%, quando deveria estar em pelo menos 80%. “A queda nas vendas internas é decorrente do recuo nas vendas dos nossos principais mercados consumidores: a construção civil, cujos negócios caíram 9,8% no período entre janeiro e maio, assim como a indústria de máquinas e equipamentos e indústria automotiva, que registraram queda de 11% e 22,3%, respectivamente”, argumenta o executivo, mencionando que os três setores representam 80% do consumo de aço do País. Segundo Mello Lopes, em 2008, no auge da crise financeira mundial, as siderúrgicas brasileiras registraram perdas, mas estavam capitalizadas, e a recuperação dos negócios foi rápida. “Hoje as condições são mais adversas. Não há horizonte de recuperação com as taxas de juros altas e a indústria de transformação do país em crise”, disse. Mello Lopes ressalta que os empresários do setor consideram que o ajuste fiscal do governo é necessário para que a economia brasileira volte a crescer, mas discordam de algumas medidas adotadas. “Já que no curto prazo não há possibilidade de aumentar a demanda no mercado interno, o governo deveria estimular as exportações para evitar que a indústria opere abaixo de sua capacidade produtiva, o que gera desemprego. Mas a redução da alíquota do Reintegra é um desestímulo. Para ganhar competitividade no mercado externo, o setor siderúrgico precisaria de uma alíquota de 3% no programa. A alíquota do Reintegra da China é de 17%”, diz. De acordo com Mello Lopes,  há um excesso na oferta de aço no mundo, de 719 milhões de toneladas, alavancada pela China, que concentra metade da produção global — volume que correspondente a seis vezes a produção de aço latino-americana. “Todos os países estão adotando medidas para conter as práticas predatórias de mercado da China. No Brasil, se nada for feito, 46% do consumo interno será suprido pelo aço subsidiado chinês até 2024”, argumenta, ressaltando que cada milhão de dólares em produtos siderúrgicos importados da China que entra no País pode causar a perda de 64 empregos na América Latina. (Fonte: Brasil Econômico/ Patrycia Monteiro Rizzotto)

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