PRESIDENTE DO BC DIZ QUE PAÍS DEVE COMEÇAR A CRESCER 'PROVAVELMENTE NO 4º TRIMESTRE'

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira que a economia brasileira só deve voltar a crescer no quarto trimestre. Na avaliação de Campos Neto, o país passa pelo seu “pior momento” e o desempenho está aquém do que a autoridade monetária gostaria.

— Crescimento está aquém do que nós gostaríamos. Temos na margem uma recuperação pequena. Acreditamos que estamos passando pelo pior momento e vamos começar a crescer no segundo semestre, mais provavelmente no quarto trimestre — disse o presidente do BC, em palestra para investidores em Brasília.

Na semana passada, o IBGE informou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,4% no segundo trimestre, na comparação com o trimestre imediatamente anterior. O desempenho ficou acima das expectativas de analistas de mercado, mas ainda retrata um quadro de estagnação da economia.

Para Campos Neto, o caminho para o crescimento passa por incentivar investimentos privados e o mercado de crédito no Brasil. Entre as frentes de atuação do BC, estão mecanismos para destravar o que os técnicos chamam de “hidden values”, ou valores ocultos, em tradução livre.

Uma das fontes de recursos é o mercado imobiliário, como a regulamentação da chamada hipoteca reversa ou home equity, sistema pelo qual um proprietário pode obter crédito usando como garantia seu imóvel. O presidente do BC acredita que a hipoteca reversa vai dobrar crédito imobiliário no país.

O presidente do BC também destacou a necessidade de reduzir juros no país. Apesar da taxa básica, a Selic, está na mínima histórica de 6%, o chamado spread bancário — que define quanto consumidores e empresas pagam na hora de tomar empréstimos — ainda é mais alto do que a autoridade monetária gostaria. Segundo Campos Neto, o BC trabalha em medidas para reduzir essas taxas, especialmente as dos produtos emergenciais, como o cheque especial, cuja taxa ultrapassa os 300% ao ano.

— Temos um sistema bancário que é altamente regressivo. Não encontramos um sistema tão regressivo como o Brasil. Quem está embaixo e usa os programas emergenciais com mais frequência paga por quem está em cima e nunca usa — disse Campos Neto.

Em um dia em que o dólar opera em baixa com a possibilidade de um entendimento entre EUA e China na guerra comercial, o presidente do BC não respondeu a perguntas de jornalistas sobre o comportamento do câmbio. Durante a palestra, Campos Neto destacou que o país tem sólida proteção contra variações cambiais.

Ele afirmou ainda que o projeto de autonomia do BC deve ser votado “nas próximas semanas”.

— (A autonomia do BC é) um projeto que deve ser votado em breve, espero que nas próximas semanas. Países que têm maior independência têm inflação mais baixo, assim como volatilidade de inflação mais baixa. Acho que o Brasil está maduro — afirmou Campos Neto.

Fonte: O Globo

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