PARA FUGIR DA CRISE, SETOR IMOBILIÁRIO SE ADAPTA

  Numa espécie de reação criativa às intempéries do mercado imobiliário, empreendedores estão dando aquele empurrãozinho que falta para que o consumidor tire do papel a intenção de investir este ano. Para tanto, parcelas fixas, prazos esticados, oferta de financiamento direto, imóvel e até carro como sinal entram na mesa de negociação. Na prática, o consumidor ganhou, e muito, poder de barganha. Receber carro e imóvel como sinal na compra de um novo imóvel nem são estratégias consideradas novas do mercado imobiliário. Mas o que antes era aplicada como manobra de bastidor agora é escancarada para os potenciais compradores. A sensação é de que as empresas começaram a buscar recursos para destravar impedimentos apontados pelos clientes para a assinatura de contrato. Mesmo apresentando soluções, representantes imobiliários desconversam sobre uma provável queda de liquidez no volume de venda desses bens no Estado e apontam como vilão, sobretudo, a restrição ao crédito imobiliário. “Começou a chegar esse tipo de demanda para nós. Muitos clientes perguntando se aceitávamos carro ou imóvel”, afirma o diretor comercial da EBM Desenvolvimento Imobiliário, Rodrigo Meirelles. Foi quando reestruturou a área de revendas da empresa, imprimindo essa nova modalidade de negociação. Nessa leva, a empresa lançou a campanha “A Hora é Agora”, que segue até dia 30 de março, incluindo também parcelas fixas. Rodrigo explica que é uma forma de provocar o mercado e demonstrar para o consumidor que essas ações promovem um bom momento para a aquisição do imóvel. Ele conta que o mercado imobiliário em Goiânia é, historicamente, estável. Sem ter registrado grandes escaladas de preços em 2012, ano do boom do setor, não há iniciativa nem previsão de quedas significativas de preços de imóveis na capital goiana, como vem ocorrendo em São Paulo (SP) ou Rio de Janeiro (RJ). Segundo o diretor presidente da Consciente Construtora e Incorporadora, Ilézio Inácio Ferreira, de olho num dos gargalos do mercado - a restrição de crédito -, a empresa lançou o sistema de autofinanciamento em até 120 vezes na compra do Nexus Shopping & Business – empreendimento lançado em outubro do ano passado e com previsão de entrega em 2020. “Com essa intranquilidade da economia, os financiamentos bancários passaram a ser uma incógnita. Pensando nisso, já está no contrato como opção o autofinanciamento”, explica. O proprietário da Queiroz Silveira, Rogério Queiroz Silveira, ressalta que imóveis e veículos são aceitos como parte do negócio desde que atinjam 30% do valor do bem que está sendo comprado. Em até 120 vezes, o cliente também pode optar em fazer o financiamento direto na construtora. “Hoje, 8% dos nossos clientes são financiados por nós”, revela. Esses facilitadores tendem a fomentar uma dinâmica própria no mercado. O representante comercial Elismar Moreira Genske é um dos atores dessa prática. Na última segunda-feira, ele firmou contrato com a Queiroz Silveira de uma forma que não imaginava. Ele explica que negociava a compra de uma casa localizada no Setor Vila Nova de R$ 370 mil. Na melhor opção, interessava em dar entrada de R$ 220 mil, mas faltava uma parte pequena. Foi quando foi ventilada a possibilidade de completar R$ 15 mil com a entrega de um Fiat Uno ano 2009/2010. “Esse foi o segundo plano. Na verdade, a negociação fluiu bem com o carro”, diz. A casa onde vai morar junto com a esposa e três filhos também foi fruto de outra negociação semelhante. Ele compôs como parte de pagamento de um apartamento localizado no Leblon Marista – avaliado em cerca de R$ 800 mil. O imóvel só ficou três meses parado.(Reproduzido do Jornal O Popular, edição do dia 20/02/2016).

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