A terceira etapa do programa Minha Casa, Minha Vida é destaque na edição desta semana da revista IstoÉ Dinheiro. A abordagem, da repórter Denize Bacoccina, passa pela euforia do governo com os resultados e objetivos do programa, mas também chega às dúvidas dos empresários da construção que vêm atuando no âmbito do MCMV. Eis a matéria: ?O clima e o aparato eram de campanha eleitoral, embora ainda faltassem três dias para o seu início oficial. Nosso objetivo é deixar claro que é possível contratar a construção de três milhões de moradias, afirmou a presidente Dilma Rousseff, na quinta-feira, dia 3, durante a entrega de 464 apartamentos do programa Minha Casa Minha Vida no Paranoá, região administrativa na periferia de Brasília. No telão montado no palco, nove ministros apareciam entregando chaves de imóveis em sete Estados do País, num total de 5.460 unidades. Em princípio, a declaração da presidente sobre a continuidade do programa agradou aos empresários do setor de construção civil, que contam com o subsídio do governo para atender o mercado de baixa renda. Precisamos sinalizar para os empresários se prepararem com terrenos e discutirem com os prefeitos para que isso ocorra a partir de 2015, afirmou Dilma. No entanto, a falta de detalhes sobre quando a legislação será enviada ao Congresso e a indefinição em relação aos valores que serão pagos fizeram com que muitos representantes das construtoras, convidados pela Presidência para o evento, deixassem o local sem ter certeza sobre as condições de mercado no próximo ano. Inegavelmente, o programa lançado em 2009 conta com o aplauso do empresariado da construção civil. Uma pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção aponta que o Minha Casa, Minha Vida é considerado importante ou muito importante por mais de 70% das empresas do setor. Desde então, o governo já investiu R$ 216,6 bilhões na contratação de 3,4 milhões de unidades, das quais 1,7 milhão já foram entregues. Atualmente, há três faixas de renda. Para quem ganha menos de R$ 1,6 mil o governo compra o imóvel diretamente da construtora, e cobra do morador o equivalente a 5% da renda, durante dez anos. O subsídio, nesse caso é de 90% a 95% do valor total. Nas duas faixas de renda mais alta, a parcela bancada pelo governo é menor, e o proprietário paga a prestação por 30 anos. Nas inúmeras reuniões que fizeram com o governo nos últimos meses para tratar do assunto, os empresários pediram a criação de uma faixa intermediária, para atender a população com renda superior a R$ 1,6 mil, mas insuficiente para pagar uma prestação. Pediram também que o programa se tornasse permanente, independentemente de governos. Dilma disse que seria deselegante da parte dela fazer isso sem saber se estaria no cargo no próximo ano. O ciclo de uma obra é de um ano e meio a dois anos, por isso é preciso fechar os contratos com antecedência, diz José Carlos Martins, presidente da CBIC. As empresas também reclamam que o governo tem adiado a contratação de imóveis da faixa 1, por falta de recursos. Balanço do Ministério das Cidades mostra que os projetos de menor valor avançam num ritmo mais lento do que os outros. Considerado por governo e empresários como o maior programa habitacional da história, o Minha Casa, Minha Vida de fato deu um impulso ao setor. Beneficiou especialmente empresas que já estavam preparadas para atuar no mercado popular, como a Cury Construtora e Incorporadora, que em 2007 firmou uma joint venture com a Cyrela Brazil Realty para entrar no segmento. O faturamento saltou de R$ 35 milhões em 2009 para R$ 1,7 bilhão no ano passado, com a construção de 20 mil imóveis por ano. Agora, estamos preocupados com esse período de transição, e já nos preparamos para outros projetos enquanto esperamos os novos contratos, afirma Ronaldo Cury de Capua, diretor de relações institucionais da construtora. Nem todas as empresas, porém, tiveram uma experiência satisfatória. A Construtora Almeida Neves, de Goiânia, foi contratada para erguer oito mil unidades. Já entregou duas mil e promete concluir o restante até o fim do ano. Mas o presidente do grupo, Mauricio Luiz Neves, diz que só entrará em novos projetos se os valores financiados forem revisados. Pensávamos em ganhar no volume, mas os custos subiram muito e as condições atuais não remuneram. Sem detalhes, a incerteza sobre o futuro continua.?
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