ESCOLA NAS OBRAS AMPLIA POSSIBILIDADES PARA OS TRABALHADORES

O ajudante de carpinteiro, Luiz Carlos Neves, por exemplo, já se inscreveu no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e pretende cursar Engenharia Civil ou Publicidade. Há alguns anos, ele nem sabia ler bem, mas graças á escola na obra onde trabalha, irá concluir o Ensino Médio em janeiro de 2017 No dia do Estudante, 11/08, uma constatação: o acesso à educação tem levado à diminuição ao número de analfabetos funcionais no País. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/2014), o Brasil possui 13,2 milhões de pessoas analfabetas, 8,3% da população acima dos 15 anos. O número, entretanto, caiu 4,3 pontos percentuais entre 2001 e 2014. A queda ocorre também em razão dos esforços de empresas da construção civil, que incentivam seus trabalhadores a dar continuidade aos estudos. É na obra onde trabalha que Luiz Carlos das Neves, que, ajudante de carpinteiro, teve a oportunidade de voltar a estudar. “Tenho cinco anos de empresa, demorei um pouco para começar a estudar por medo de não conseguir, mas deu tudo certo. Antes não conseguia ler e escrever direito, era péssimo, mas isso já melhorou muito. Tive inclusive incentivo da minha família, meu filho que hoje é formado em Agronomia, me auxiliava no dever de casa”, diz. Ele trabalha na Consciente Construtora e Incorporadora, que oferece o projeto Escola nas Obras, em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi), nos canteiros de obras. Atualmente, mantém duas turmas, uma no 9º ano e outra no 3º ano do Ensino Médio, e a empresa já reforçou o compromisso de oferecer estudos para quem se interessar em concluir também o Ensino Médio. No total, 28 trabalhadores participam das aulas. A faixa etária dessa turma varia entre pessoas de 30 a 50 anos. A professora da turma de 9º ano, Leysa Dayane Barbosa Gonçalves, ressalta a importância desse trabalho dentro do trabalho. “É um diferencial para o aluno, tendo em vista que ele não precisa se deslocar até uma escola para ter as aulas. Além disso, a carga horária reduzida não o estressa, tornando a jornada menos cansativa”, explica. Ela lembra que o fato de o número de alunos dentro de sala de aula ser reduzido, neste caso cerca de 11 pessoas, permite que o professor dê atenção quase personalizada ao aluno. “Ele só tem a ganhar com isso, já que dessa forma eu tenho mais facilidade para atender as carências de cada um de modo mais individual. Eles são muito esforçados e estão avançando muito”, ressalta Leysa. Já na sala do 3º ano, a professora Paula Gabriela Ribeiro Reis informa que orienta 17 alunos. “Acho muito relevante esse programa em parceria. No início, muitos foram meus alunos, eram analfabetos funcionais. Mas, hoje, eles conseguem entender, ler e interpretar muito bem. Eles evoluíram desde o 6º ano, quando começaram comigo. São muito gratos a essa oportunidade que lhes abriu o horizonte para um novo mundo”, afirma a professora.

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