O vice-presidente de habitação da Caixa, Jair Mahl, afirmou nesta terça-feira (16) que o volume de imóveis retomados em garantia pelo banco é "uma preocupação imensa" e tem levado a instituição a conversar com todo o setor imobiliário em busca de soluções.
Segundo Mahl, o assunto vem sendo debatido com o Secovi e outras associações do setor, além das próprias construtoras. A Caixa encerrou 2018 com 63 mil imóveis retomados - número que, para o executivo, é preocupante apesar de ser pequeno em relação ao total de contratos do banco. "Estamos conversando para acharmos em conjunto soluções para desonerarmos o balanço da Caixa e não prejudicar as construtoras", disse. "A retomada passa a preocupar todos nós e é um desafio não em 2019, mas a partir de 2019."
Gustavo Viviani, diretor de produtos de crédito e recuperações do Santander, afirmou que é preciso ter muita cautela na colocação dos imóveis retomados no mercado. O banco, disse ele, criou uma área específica para lidar com a questão. "Estamos conversando com as contrapartes. Mas estou otimista, os dados de concessão de crédito neste início de ano foram muito fortes."
Mahl, da Caixa, afirmou que um aspecto positivo dessa questão é mostrar que o instrumento da alienação fiduciária dos imóveis está funcionando. "Esses aspectos precisam ser reforçados para atrair mais investidores", ressaltou.
Os executivos, que participam de painel sobre o setor imobiliário, fizeram referência à reportagem publicada ontem pelo Valor, que mostrou que o volume de imóveis e outros bens retomados pelas instituições financeiras saltou para R$ 18,7 bilhões no ano passado.
Poupança
Os recursos da poupança terão maior participação na oferta de crédito imobiliário pela Caixa neste ano, segundo Mahl. O executivo não revelou, contudo, qual o volume de operações que o banco planeja fazer, mas disse que reforçará a atuação nos financiamentos do SBPE, que usam funding da poupança. "Já reforçamos e vamos continuar no ritmo que o mercado espera", disse.
De acordo com a Mahl, a poupança será importante para financiar clientes de renda "um pouco mais alta". O governo reduziu neste ano o orçamento do FGTS, que deverá ser de cerca de R$ 50 bilhões para a Caixa. Em 2018, essa fonte representou R$ 69 bilhões do total de R$ 83 bilhões usados pelo banco para o financiamento imobiliário.
Fonte: Valor Econômico
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