Há alguns dias, tive a oportunidade de participar de um zoom meeting organizado pela USC, UCLA e Asia Society Southern California, sobre o futuro do mercado imobiliário na China e nos Estados Unidos no pós Covid-19. Os especialistas falaram sobre a reabertura da economia e as novas tendências do mercado imobiliário, especificamente sobre os projetos de coabitação e distanciamento social. O evento foi inspirador e trouxe insights valiosos que me fizeram escrever sobre esse tema.
A questão que não sai da minha cabeça é: as pessoas ainda vão querer viver nas grandes cidades, perto do local de trabalho, ou vão preferir viver nos subúrbios mais afastados? Se a alta densidade demográfica das grandes cidades ajuda a espalhar o Covid-19, a lógica nos diz que as pessoas vão preferir se afastar e viver no interior, mesmo que tenham que fazer longas viagens para poder trabalhar. Certo? Talvez.
Outros defendem a ideia de que as pessoas têm a necessidade de se relacionar umas com as outras, e que elas têm memória curta, ou seja, logo vão esquecer do distanciamento social e voltar a vida normal antes do Covid-19. De um jeito ou de outro, até porque fica muito difícil de se fazer qualquer tipo previsão, é possível afirmar que a inovação em projetos de coabitação talvez seja o caminho natural no processo de adaptação ao “novo normal”.
Inovação em projetos de coabitação? Certo, mas por onde começar? No artigo que escrevi sobre este tema para o contexto do mercado imobiliário norte-americano da Califórnia optei por mencionar o problema da aglomeração de pessoas que vivem na mesma casa devido ao alto custo dos imóveis, e como esta aglomeração pode aumentar os riscos de contaminação por Covid-19. No final do artigo, sugeri que não há uma solução pronta e igual para todas cidades, pois é preciso entender as características de cada cidade para poder sugerir a melhor solução para o problema.
Algumas cidades da Califórnia estão transformando escritórios em residências, apostando que muitas pessoas, daqui para frente, vão trabalhar em casa. Outra tendência que poderá ser vista são as inovações em projetos arquitetônicos residências que priorizam os espaços privados, como os dormitórios, em detrimento das áreas comuns dos apartamentos. Pensar a concepção do projeto de forma diferente talvez seja a inovação.
Esse artigo não tem a pretensão de achar a solução para o problema, mas sim de promover o debate e sugerir novas pesquisas. Pesquisas para poder responder questões como: Qual o plano diretor ideal para os projetos de coabitação e distanciamento social? Como devem ser os projetos do futuro? Como aumentar a oferta de casas nas grandes cidades mantendo o distanciamento social? Quais serão as soluções inovadoras do mercado? Os achados desses levantamentos poderão ajudar as prefeituras, os incorporadores, urbanistas e arquitetos, e a comunidade em geral, a trazer soluções inovadoras para a melhor qualidade de vida das pessoas nas cidades brasileiras.
* Rafael Pozas é professor, MBA em Negócios Imobiliários e empresário no mercado americano da construção civil
Fonte: Correio do Povo
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