Na tentativa de continuar estimulando o uso dos meios eletrônicos de pagamento, o Banco Central sugeriu, em relatório, o uso de cartões de crédito e débito no pagamento de contas de valores mais elevados, como carros e imóveis. O problema é que as taxas cobradas pelas administradoras de cartões ainda inviabilizam operações de maior valor, que costumam ter margens de lucro menores. Para empresários e administradoras de cartões, o uso desse meio de pagamento só será viável se houverem regras diferenciadas para grandes operações. No Relatório de Vigilância do Sistema de Pagamentos Brasileiro, publicado no último mês de julho, o BC lembrou que o cheque ainda é mais utilizado no pagamento de valores mais elevados, apesar da crescente utilização dos meios eletrônicos. Isso porque as operadoras de cartões cobram um determinado percentual sobre a compra, enquanto não há nenhum custo adicional no uso do cheque para o pagamento. Uma prova disso que é houve incremento de 62% nos valores médios dos cheques emitidos entre 2007 e 2013, enquanto o número de operações com o papel caíram 35% no período. No relatório, o BC ressalta que incentiva a indústria a buscar soluções que colaborem com o objetivo de reduzir a utilização de instrumentos baseados no papel, que carregam pesados custos para o mercado e para toda a sociedade. Mas o diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Ricardo Vieira, concorda que operações de maior valor no cartão são inibidas pelos custos que incidem sobre as operações. Segundo ele, a taxa média no cartão de débito é de 1,53%, chegando a ultrapassar os 2% no crédito. ?Essa taxa sobre uma compra de valor pequeno é praticamente insignificante, mas sobre o valor de uma casa, por exemplo, acaba pesando?, explica Ricardo. O tíquete médio nas compras com cartões no Brasil é de apenas R$ 43,50. Por isso, o BC chegou a sugerir o desenvolvimento de um sistema que permita a transferência dos valores para o varejo a um custo menor. A criação de uma tarifa fixa nas operações com cartão também não é vista como viável porque poderia inviabilizar o uso do cartão nas compras de pequenos valores, cada vez mais disseminadas. ?Por isso, não existe compra de imóveis ou carros com cartão em praticamente lugar nenhum do País?, destaca. Já no cartão de crédito, um fator limitante é o próprio limite pessoal, pois poucos usuários contam com limites tão altos para este tipo de compra. Para o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-GO), Renato de Sousa Correia, a compra de um imóvel é uma operação muito complexa para ser feita usando um cartão de débito ou crédito, apesar da maior facilidade para pagamento. Além disso, a aquisição de um bem de valor tão elevado exigiria um limite de crédito muito grande do cliente, acima de R$ 100 mil, e resultaria numa taxa muito alto sobre a operação. Ele acredita que isso só seria possível com a criação de um cartão específico para a operação, com taxas diferenciadas. O diretor de Automóveis do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Automotores de Goiás (Sincodive-GO), Orlando Júnior, também acha que o pagamento de carros com cartões ainda não é viável porque as taxas cobradas pelas administradoras de cartões são altas. Segundo ele, as margens praticadas nas vendas de carros são muito baixas para fazerem frente a este custo, que chega a ultrapassar os 2%. ?Precisaria haver uma tarifa muito especial para isso?, destaca o empresário. Se houvesse essa condição especial, Orlando acredita que o uso de mais um meio de pagamento seria até positivo para o setor. Muitos clientes chegam a cogitar o pagamento do veículo com cartão, mas a tarifa sempre acaba inviabilizando a operação. (Fonte: O Popular/Jornalista Lúcia Monteiro)
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