Quando a pandemia começou, em março, e as medidas de restrição de circulação fecharam os estandes do mercado imobiliário, o setor se preparou para um cenário de vendas catastrófico. O primeiro semestre terminou com R$ 8 bilhões em lançamentos adiados. Mas quando chegou o resultado, ficou bem acima das expectativas, segundo o Secovi-SP (sindicato da habitação).
Se entre janeiro e junho de 2019 foram 20 mil unidades lançadas e 19,6 mil vendidas, neste ano, no mesmo período, o mercado lançou apenas 10 mil unidades, mas vendeu 16,8 mil, ou seja, houve uma queda de 50% nos lançamentos, mas de apenas 14% nas vendas. Em outras palavras, os estoques diminuíram.
"Estamos achando que o imóvel acabou se apresentando como uma alternativa de segurança e voltaram a comprar. Não só a segurança emocional de estar dentro de casa, mas também a segurança patrimonial. Nestes meses, foram tantos altos e baixos em todos os outros ativos da economia e o imóvel continua sendo um refúgio, apesar da menor liquidez", diz Basílio Jafet, presidente do Secovi, que representa as empresas do setor.
Ele reconhece que parte do movimento pode ter sido de compras represadas desde o período de 2014 a 2017, quando as famílias adiaram o investimento. "O brasileiro é bom pagador. A taxa de inadimplência nos financiamentos imobiliários é baixa, em torno de 1,2%, parecida com a dos EUA. O brasileiro leva a sério a compra, então, ele adiou naquele momento econômico por insegurança. Em 2018 começou a equilibrar e, em 2019, começou a voltar, mas nem todos compraram. Ainda existe demanda reprimida desses anos todos", diz.
Segundo Jafet, grande parte das compras atuais são habitação econômica como primeiro imóvel, principalmente Minha Casa, Minha Vida. "No primeiro imóvel nós estamos com uma situação de absoluta normalidade, ou seja, números muito parecidos com os de pré-pandemia. O declínio que puxou a média um pouco para baixo nestes primeiros 180 dias foi mais devido à classe média", afirma Jafet, que atribui o resultado positivo do semestre à decisão das autoridades de reabrir os estandes de vendas.
"Se você fosse lançar um empreendimento com estandes fechados, sem poder atender e naquele estresse que vivemos em abril e maio, não lançaria. Ficamos de mãos atadas. A reabertura dos estandes foi algo extremamente importante. Os números de junho deram uma baita recuperada", diz.
Fonte: Folha de S. Paulo
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