Um dos efeitos da pandemia do coronavírus tem afetado de forma direta o mercado imobiliário: as pessoas tem ficado mais tempo em casa. O espaço, que muitas vezes era utilizado apenas para se passar a noite, quando todas as outras atividades do dia eram feitas fora da residência, tornou-se um lugar único de lazer, trabalho e reunião com a família. As novas normas colocaram toda a atenção para dentro de casa, e os resultados são adequações nos espaços internos e buscas por moradias que atendam às demandas de conforto das famílias.
Diferente de muitos setores da economia que foram prejudicados pela pandemia, o mercado imobiliário tem crescido com as buscas, compras e vendas de imóveis. “O cliente foi muito às compras durante a pandemia. Tirando os 45 primeiros dias, a partir de meados de maio a procura foi subindo cada vez mais”, destaca o sócio diretor da Brain Inteligência Estratégica, Fábio Tadeu Araújo. Segundo ele, o aquecimento no mercado pela mudança de imóveis tem uma principal característica: a busca por bem-estar.
Conforto é prioridade
Não há uma uniformidade no fluxo de buscas por imóveis, uma vez que depende de fatores relacionados à renda familiar e a outras demandas particulares. Enquanto para alguns mais qualidade de vida significa um apartamento maior, ou até mesmo uma cobertura, para outros é uma casa com quintal em ambientes mais verdes, ou ainda um imóvel em um condomínio residencial. Independentemente do espaço, o que uniformiza essa procura é o desejo por maior bem-estar. “Isso é positivo para o mercado porque significa que nenhum tipo de produto está restrito, você tem que pegar os atributos que o seu empreendimento têm que são relacionados a mais bem-estar e qualidade de vida e ressaltá-los na hora da venda”, explica Araújo.
Uma das tendências apontada na busca por bem-estar nos imóveis, sobretudo nas classes mais altas, foi a procura por casas mais afastadas do centro, em geral, sem abrir mão de segurança, em condomínios fechados. Segundo Araújo, a tendência veio acompanhada não só da aspiração por mais espaço físico para a família, mas também por ambientes verdes em quintais no próprio terreno ou nos espaços de uso comum do condomínio.
Porém ainda é cedo para avaliar mudanças concretas nos projetos imobiliários, uma vez que não se sabe quais hábitos trazidos pela pandemia vieram para ficar e quais são passageiros. Entretanto, o que é ressaltado pelos especialistas é que fatores voltados ao bem-estar e à qualidade de vida têm sido mais levados em consideração quando se pensa no futuro imóvel. Nesse sentido, como explica o diretor de incorporação da Laguna, André Marin, a pandemia é um fator que intensifica preocupações já existentes das construtoras no desenvolvimento de projetos. “A gente tem apostado muito nisso, em como levar mais conforto e bem-estar para as pessoas. De uma forma geral, a pandemia serviu para acelerar as mudanças que já vinham acontecendo”, destaca.
Tendências
A partir dessas questões, algumas tendências no mercado imobiliário vêm para planejar a relação das pessoas com os espaços, como o WELL Building Certification, a primeira certificação focada sobretudo no bem-estar humano nos edifícios. Diferente de outros selos internacionais voltados à arquitetura sustentável, como os padrões BREEAM e LEED, desenvolvidos para avaliar a relação das construções com o ambiente, o selo WELL se preocupa com a ligação do edifício com o ocupante, com base em onze categorias que avaliam questões como qualidade do ar, água, luz, som, conforto térmico e inovação. “A gente passa 90% do nosso tempo em ambiente interno, seja casa, escritório, carro, então o selo nos faz entender a influência desse ambiente interno na nossa vida”, explica Marin.
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Fonte: Gazeta do Povo
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