Agente financeiro vai aplicar R$ 34 bilhões em crédito imobiliário
Teotonio Rezende, diretor de Habitação da Caixa, esteve na sede do Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo manhã de terça-feira, 25/10, para reforçar a parceria de décadas com o setor imobiliário e lançar um desafio às empresas: “Temos R$ 34 bilhões para liberar de crédito à produção e aquisição”. Conforme Teotonio, o agente financeiro tem sido criativo para financiar pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), apesar de já perceber mudanças de humor e um novo ânimo nos ajustes econômicos do País, tanto por parte dos empresários quanto dos compradores. De acordo com ele, a Caixa pretende repetir este ano a meta de aplicação de 2015, que ficou em R$ 90 bilhões. O Programa Minha Casa Minha Vida, por sua vez, está com 4,5 milhões de unidades contratadas, sendo o carro-chefe as faixas 2 e 3. A nova faixa um e meio terá os primeiros contratos assinados ainda este ano. No entanto, a faixa 1, por contar com grande volume de subsídios, será residual, em 2017, e retomada somente em 2018 ou 2019. “Essa faixa não foi abandonada como política pública, porque o que antes era carência, agora virou demanda”, explicou Teotonio. O diretor de Habitação da Caixa lembrou que a meta de aplicação no segmento de habitação social com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), de 2017 a 2020, foi estabelecida em R$ 200 bilhões. Além de proteger a destinação do FGTS para habitação, infraestrutura e saneamento básico de ataques de outros bancos e setores, Teotonio destacou a importância de levar ao governo federal e ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) o combate que o Judiciário vem promovendo ao mecanismo da alienação judiciária. “Considero a alienação fiduciária o case mais exitoso para a retomada do crédito imobiliário e a diminuição do spread bancário. O Judiciário tem de entender que a proteção ao mau pagador atinge seriamente o bom pagador.” A Caixa trabalha praticamente sozinha com o financiamento do imóvel na planta e, para 2017, Teotonio acenou com a possibilidade de construir uma lei específica para regular o financiamento desse tipo de imóvel. Além disso, destacou a necessidade de solucionar o excesso de distratos. Algumas medidas de flexibilização na concessão e crédito à pessoa jurídica já estão em uso, como o ajuste para R$ 3 milhões do teto do valor do imóvel financiado pelo SFI (Sistema de Financiamento Imobiliário); extensão de 6 para 12 meses no prazo de amortização de crédito às empresas; operação com empresas de rating B e C; proibição do financiamento à pessoa física para construir empreendimentos no âmbito do Minha Casa, Minha Vida; adoção das mesmas regras para empresas que financiam unidades na planta e prontas. A queda de um ponto percentual da taxa de juros para o financiamento de algumas faixas do Minha Casa, Minha Vida, no entanto, não é medida possível de ser adotada. “A única condição para baixar juros é mexer no limite de R$ 16 mil do teto de subsídio”, disse Teotonio Rezende. O vice-presidente de Incorporação e Terrenos Urbanos do Secovi-SP, Emílio Kallas, disse que os empresários estão dispostos a “ajudar” a Caixa a aplicar os R$ 34 bilhões anunciados para o financiamento à produção e aquisição e que já são R$ 27 bilhões, de acordo com superintendentes regionais da Caixa presentes ao evento. “Vamos correr, porque daqui a pouco acabam os recursos”, brincou o dirigente do Sindicato da Habitação. Kallas apresentou algumas sugestões para facilitar o direcionamento dos recursos pela Caixa nesse momento econômico, em que “ter um imóvel para vender até parece um ônus”. Dentre as medidas sugeridas, estão: uso da Tabela Price (TP) nos financiamentos de imóveis com valores altos de venda; investir em publicidade para oferecer segurança à população; alongar os prazos de financiamento para as empresas tomadoras de empréstimo; treinar as equipes de crédito imobiliário para que sejam mais bem preparadas; baixar os juros. Rodrigo Luna, vice-presidente de Habitação Econômica do Secovi-SP, disse que opera com a Caixa há mais de 20 anos e que, ao longo do tempo, o diálogo com o agente financeiro tem sido cada vez mais franco e verdadeiro, e a atuação, profissional. O dirigente concorda com Teotonio acerca do risco que o instrumento da alienação fiduciária está sofrendo. “Esse assunto tem sido tratado no Secovi dentro do Conselho Jurídico. A hipoteca foi desvirtuada e a alienação fiduciária começa a ser ameaçada.” (Fonte: Secovi/SP)