TERCEIRIZAR AS GRANDES OBRAS PODE SER A SAÍDA

As micro, pequenas e médias construtoras brasileiras devem enfrentar um ano desafiador. A maior dificuldade para conseguir crédito, a inflação em alta e o aumento do custo da construção civil começam a desenhar um cenário complexo para grupos com menos de 15 funcionários. "Hoje, cerca de 80% das construtoras são consideradas pequenas e médias. Apesar do mercado pulverizado, há uma perspectiva não tão otimista, em que pelo menos 10% das construtoras menores precisem fechar suas portas", previu o professor de macroeconomia da Universidade Brasília (UnB) Cláudio Rotto. De maneira similar pensa o presidente do Sindicato da Construção de São Paulo (Sinduscon SP), Sérgio Watanabe. Para o executivo, o mercado para as PME ainda é muito apoiado na terceirização de empreiteiros de grandes obras. "A figura do empreiteiro também cresce. Hoje, as gigantes da construção, ao invés de verticalizar as fases da obra, passam a terceirizar serviços de empresas menores. Isso é bom para pulverizar o mercado", explicou. No entanto, Watanabe alerta para a falta de profissionalização das empresas menores, além do grande número de empresas informais, que tendem a sentir ainda mais a crise econômica. "Essas empresas precisam ajustar a saúde financeira, obter capacitação fiscal, trabalhista, legislativa, ou elas não terão competitividade." Para tentar auxiliar esse nicho da construção, o Sinduscon-SP começou recentemente um programa da capacitação. Na opinião de Sérgio Watanabe, isso pode trazer novas empresas ao radar das grandes construtoras e movimentar a economia do setor. A ação do Sinduscon vem em linha com iniciativa do Sebrae Mato Grosso, que este ano lançou o Programa de Desenvolvimento Empresarial (PDE) para capacitar construtoras menores. "O programa visa a elevar o nível de gestão das empresas do segmento para que elas se tornem mais competitivas", explica o gestor do PDE para pequenas e médias construtoras do Sebrae em Mato Grosso, Ari Vasconcelos Dantas Jr . O alvo da capacitação são empresas com cerca de cinco anos de atividades e entre 10 e 15 funcionários. A capacitação foi a saída encontrada pela microempresa goiana Laranjeira Construtora. A empresa passou por uma reformulação financeira para atender, de maneira terceirizada, grandes obras em toda a Região Metropolitana de Goiânia. "Em 2012, nos reestruturamos. O gasto foi de R$ 200 mil, e resultou em crescimento de 25% ao ano", diz José Sérgio Leite, fundador da empresa. A Laranjeira informa que  terceirizou serviços de revestimento, piso e pintura de empresas como Gafisa, MRV e PDG e agora aposta em pequenos contratos com o poder público. "Entramos em 2014 com dois contratos com a prefeitura de Goiânia para construção de escolas e hospitais. O valor não é muito alto, mas é garantido. Foi nossa solução para diminuir o impacto da crise que assola as grandes construtoras no País". A empresa, que fatura cerca de R$ 5 milhões por ano, conta com nove funcionários administrativos e cerca de 10 pedreiros fixos. Para o vice-presidente imobiliário do Sinduscon-SP, Odair Garcia Senra, o mercado está mais receoso com novos projetos, mas isso pode ser positivo para melhor regular o mercado. "A demanda ainda existe, mas a tomada de decisão do empresário da construção está mais lenta. Nessa perspectiva, a expertise volta a ser primordial, e só ficarão no mercado as empresas que realmente entendem do setor, e não aqueles que quiseram se aventurar no setor pelo mercado em alta", diz. (Fonte: DCI ? Comércio, Indústria e Serviços)

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