CONSTRUTORAS CANCELAM R$ 1,4 BILHÃO EM VENDAS

O mercado imobiliário tem um novo desafio nos próximos meses: reduzir a quantidade de vendas canceladas. Esse problema, que já vinha aparecendo no balanço das incorporadoras em 2013, ficou ainda mais evidente neste início de ano: o volume de imóveis devolvidos - que vão parar nos estoques das incorporadoras - chegou a R$ 1,4 bilhão.  A cifra supera em 30% o valor dos cancelamentos feitos no primeiro trimestre do ano passado. O levantamento considera os números de nove empresas de capital aberto que divulgam esse tipo de informação. De modo geral, as companhias alegam que, desta vez, o problema não é com elas, mas com os bancos, que estão mais rigorosos na concessão de financiamento desde o fim de 2013. "De fato, as condições de crédito nos últimos meses ficaram menos favoráveis", diz o economista Wermeson França, da LCA Consultores. Quando uma obra é entregue, o cliente da incorporadora é repassado para o financiamento bancário - momento em que as empresas recebem a maior parte do pagamento pela unidade vendida na planta. Mas muitos desses compradores foram vetados pelos bancos por não terem condições de assumir o empréstimo. "Há alguns anos, as rescisões de contratos ocorriam por problemas operacionais das empresas; agora, o fator é externo. Mas também preocupa", diz o analista da Coinvalores, Felipe Silveira. A mineira MRV teve o maior volume de vendas canceladas no começo do ano. A companhia mineira reportou R$ 327,9 milhões em "distratos" no primeiro trimestre. "Desde outubro, Caixa e Banco do Brasil passaram a restringir os financiamentos", diz Rafael Menin, presidente da MRV. No primeiro trimestre, o volume de unidades canceladas pela companhia chegou a 20% das vendas contratadas no período. A meta de Menin é reduzir esse porcentual para menos de um dígito, mas ele diz que isso só será possível a partir do ano que vem. Para alcançar esse patamar, a empresa vem reduzindo o prazo entre a compra e o repasse para o banco (que no caso dela, o repasse é feito ainda no período de obra). O prazo que já foi de 12 meses caiu pela metade. "E queremos chegar a 90 dias apenas", diz Menin. A rescisão de vendas também foi maior em empresas como Direcional, PDG, Tenda, Gafisa, Rossi e Brookfield. Além do maior rigor por parte dos bancos, as companhias dizem que o aumento dos cancelamentos se deve a um maior volume de entregas no período e a um esforço para melhorar a carteira de clientes: quem não tem condições de assumir o financiamento bancário tem o contrato rescindido antes mesmo do repasse. Os analistas do setor de construção acreditam que a tendência é que os distratos sigam altos neste ano, pois as entregas de obras continuarão em ritmo forte. (Fonte: O Estado de S. Paulo)

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