A RECONSTRUÇÃO DO MERCADO IMOBILIÁRIO

Desde o começo do ano, o executivo Ricardo Paixão, diretor-executivo de finanças e relações com investidores da construtora mineira MRV, tem sido questionado por analistas, acionistas e jornalistas a razão pela qual sua companhia só divulga recordes em seus resultados, em meio às dificuldades do setor da construção civil. A cada divulgação de balanço, a resposta é a mesma: “Não há crise. Nunca vimos uma situação tão favorável para o setor da construção civil.” Os números da MRV endossam essa afirmação. A maior construtora da América Latina registrou o melhor resultado financeiro de sua história no terceiro trimestre de 2019, com aumento de 16,1% nas receitas, atingindo R$ 1,569 bilhão e renovando os recordes do primeiro e do segundo trimestres. “O momento é excelente e o futuro, promissor. Do potencial de 10 milhões de imóveis ao ano entre 2020 e 2030, teremos cerca de 40% das vendas de todo o mercado”, afirmou.

O bom desempenho da MRV, que espelha a situação de praticamente todo o mercado da construção civil, se explica por uma inédita combinação de fatores: queda drástica no volume de distratos (quando o cliente desiste da compra durante a obra), redução das taxas de juros do financiamento imobiliário e acirramento da concorrência entre os bancos. No caso da MRV, os distratos, por exemplo, despencaram de 66,1% no acumulado de julho a setembro frente ao trimestre anterior, e de 51,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. “Embora a economia ainda esteja em ritmo lento, crescendo na ordem de 1% ao ano, vários fatores estão contribuindo para impulsionar o mercado da construção”, garantiu Paixão.

Entre estes fatores se destaca a queda histórica nas taxas de juros. Com a Selic no menor patamar da história, o custo dos financiamentos está descendo a ladeira. Na Caixa, banco que lidera o crédito voltado à compra da casa própria, a redução dos juros caiu 22,9% em 2019. As novas taxas partem de 6,75% ao ano, o que representa uma economia de um carro zero quilômetro, de R$ 35 mil, para financiamento de R$ 250 mil em 30 anos. Além disso, a estatal lançou uma nova linha de crédito imobiliário indexado ao IPCA (o índice de inflação oficial), com taxas a partir de 2,95% ao ano, mais IPCA. Na prática, representa uma parcela 40% menor em relação ao financiamento indexado à TR. “Os financiamentos imobiliários voltaram a ser ‘sexy’ para os bancos. Afinal, além de ser uma modalidade de baixíssimo risco, já que o banco tem como garantia 100% do bem que ele só financia 70%, os investidores estão tirando recursos da poupança e renda fixa para buscar investimentos em imóveis”, afirmou Valter Patriani, dono da incorporadora e construtora Patriani.

A empresa, aliás, está crescendo a um ritmo exponencial. Com 12 prédios entregues e 882 apartamentos, o faturamento vai fechar o ano com crescimento de 86% na comparação com 2018. Para 2020, Patriani estima crescimento de 75%, com a entrega de 12 prédios, além da execução de outros 10 empreendimentos em obras, concentradas entre as cidades de Campinas, no interior de São Paulo, além de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, no ABC Paulista. O faturamento deve chegar a meio bilhão no ano que vem.

Crescimento

Pelos cálculos da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o setor da construção está em ritmo acelerado. Em agosto (o último dado disponível), os lançamentos somaram 7.683 unidades em todo o País, resultado que colaborou para um total de 56.069 unidades lançadas no acumulado do ano – volume 9,9% superior ao registrado no mesmo período de 2018. Considerando os últimos 12 meses, os lançamentos totalizaram 105.470, resultado que revela um aumento de 15,4%. Outro levantamento, feito pelo Sindicato da Construção de São Paulo (Secovi-SP), mostra que a porcentagem de contratos de compra de imóveis cancelados em agosto de 2016 foi de 23,5% só na capital paulista. Em setembro de 2019, último resultado anunciado, estava em 4,7%. “A melhor hora para quem quer investir é agora. A exemplo da bolsa de valores, que já foi às alturas, o mesmo deverá ocorrer com os imóveis em um futuro bastante próximo”, afirma Isaac Elehep, presidente da construtora Mozak. “Um retrato disso percebemos com as vendas dos empreendimentos lançados, que têm superado nossas expectativas. Cerca de 85% do Índigo, no Rio de Janeiro, foi comercializado antes mesmo do seu lançamento”, comemora. O valor geral de vendas da empresa, segundo Elehep, vai subir de R$ 500 milhões, neste ano, para R$ 600 milhões, em 2020.

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Fonte: AbrainC

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